Quando o repórter vira notícia....

Durante o programa ABC Primeira Hora da Rádio ABC (6h30 às 8h) veiculei a triste notícia de acidente na ERS 122 na chamada "Curva da Morte" em Farroupilha envolvendo veículos da imprensa. As informações, no início da manhã, ainda eram descontradas mas aos poucos as notícias iam chegando e a triste confirmação da morte de dois colegas de imprensa: Paulão, reporter policial que ficou conhecido no programa Policia Em Ação do Canal 20 da Net e que estava trabalhando na Band, e do cinegrafista (também da Band), Ezequial. Essa informação estragou meu dia...

Sinceramente não convivi com os dois, Enildo Paulo Pereira o Paulão e Ezequial Barbosa. Mas, em duas operações policiais tive a oportunidade de conhecer Paulão, muito simpático e solícito, porém não tive grandes contatos. Claro, na ocasião, chamou a atenção a sua irreverência.

Para quem não acompanhou, a imprensa estava fazendo a cobertura de uma operação policial que foi realizada na serra gaucha, aquele era o momento de deslocamento. É de praxe os veículos de imprensa seguirem os da policia civil em comboio, e foi o que aconteceu. Na Curva da Morte os veiculos se depararam com um caminhão desgovernado.

Foto: Mauro Schaefer/Correio do Povo

Mas o que me incomodou foi o fato de pensar o quanto somos pequenos e o quanto nossa vida está em risco todos os dias, o que pode ser potencializado em uma profissão como a nossa: jornalista, e digo mais, repórter policial. Como enfrentamos a morte todos os dias e, na maioria das vezes, sem se dar conta. O primeiro impacto da notícia foi muito forte, logo lembrei de colegas que estavam ou poderiam estar na operação. Logo também, se confirmou que colegas estavam bem e outros não participaram da ação. Mas mesmo assim o programa ABC Primeira Hora foi pesado, o dia foi pesado... Durante o programa, das 6h30 às 8h eu tentava descontrair, sorrir, trazer boas notícias, mas realmente foi dificil. Como é dificil e triste retatrar algo que noticiamos todos os dias: mortes no trânsito. A dificuldade se dá quando estamos diante de uma morte com um colega, amigo ou ente querido. Lembrei também do querido Luís Félix, fotografo do Jornal NH esse que tive oportunidade de conviver e muito...ainda deixa saudades... Félix morreu durante acidente de trânsito aqui em NH em janeiro deste ano.

Voltando ao acidente de hoje...O dia seguiu, e comecei a ler, ouvir e levar aos ouvintes a notícia como notícia. As fotos e os relatos ainda chocavam, mas como outros tantos quando falamos em morte no trânsito. Agora no final do dia, quase que melancolicamente, refaço a minha reflexão. Amo minha profissão, amo o que faço e na verdade o que mais gosto no jornalismo é a reportagem policial de rádio. E isso só me faz pensar que um dia pode ser eu, pode ser um colega meu....Nada poderei fazer em relação a isso, não irei deixar, DE FORMA ALGUMA, minha paixão...mas a cada dia lembrarei de agradecer a Deus o fato de poder estar viva e excercer a minha profissão.

Para mais informações sobre o acidente e repercussão, indico os sites: http://www.jornalnh.com.br/ e http://www.radioabc900.com.br/. Nesses vocês podem acompanhar relatos, audios, fotos e noticias do caso.